A Guatemala guarda segredos fascinantes relacionados às antigas civilizações mesoamericanas. Recentemente, uma pesquisa revelou uma intrincada rede de 417 vilas, formando uma vasta cidade em ruínas, escondida nas florestas da América Central. Essa descoberta foi no início do ano, e agora surgem novas informações reveladoras.
Os achados indicam que a civilização que habitava essa região era consideravelmente mais avançada e complexa do que se acreditava anteriormente. Surpreendentemente, foi identificado um sistema de estradas que conecta esses locais, formando uma extensa rede com mais de 60 quilômetros de extensão. Os arqueólogos apelidaram essa rede de “um dos primeiros sistemas de transporte do mundo”.
Foram encontrados não apenas sistemas avançados de estradas, mas também evidências de abastecimento de água e infraestrutura agrícola completas. Essas descobertas revelam que as civilizações maias, há mais de 2 mil anos, eram muito mais desenvolvidas do que se acreditava anteriormente, desmistificando a ideia de que eram apenas grupos nômades de caçadores-coletores.
“Agora sabemos que o período pré-clássico foi de extraordinária complexidade e sofisticação arquitetônica, com alguns dos maiores edifícios da história mundial sendo construídos durante esse período
Richard Hansen, autor do estudo ao The Washington Post
Como a cidade perdida foi encontrada?
Um método utilizado nessa descoberta foi o LiDAR, uma tecnologia que utiliza a detecção e medição de distâncias através de feixes de luz laser. Ao contrário do radar, que emite ondas em forma de cone, o LiDAR emite feixes de laser milimetricamente focados em direções variadas, disparando múltiplas vezes por segundo para medir a distância dos objetos. Isso resulta em uma imagem tridimensional extremamente detalhada do ambiente.

Essa tecnologia vem revolucionando a arqueologia nos últimos anos e foi responsável pela descoberta de não apenas essa cidade perdida, mas muitas outras encontradas recentemente.
Qual a importância dessa descoberta?
Ainda há muito a ser desvendado nas profundezas da selva, mas os pesquisadores adiantam que a cidade esquecida guarda elementos surpreendentes que têm o potencial de redefinir nosso conhecimento sobre a história da humanidade.
Enrique Hernández, um arqueólogo da Universidade de San Carlos, localizada na Cidade da Guatemala e coautor do estudo, expressou a crença de que essa descoberta poderia se tornar um marco histórico tão significativo quanto as icônicas pirâmides do Egito.
Quem foram os maias?
A civilização maia foi uma das mais importantes e avançadas culturas pré-colombianas que floresceu na região da Mesoamérica, especificamente nas áreas que hoje correspondem ao sul do México, Guatemala, Belize, Honduras e El Salvador. Os maias existiram aproximadamente entre os anos 2000 a.C. e 1500 d.C., com seu período de maior desenvolvimento ocorrendo entre os séculos III e IX d.C.
Os maias são conhecidos por suas realizações notáveis em diversos campos, como astronomia, matemática, arquitetura, escrita hieroglífica, artes, agricultura e governança política. Eles construíram grandes cidades-estado, como Tikal, Palenque, Chichén Itzá e Copán, com impressionantes estruturas arquitetônicas, como pirâmides, templos, palácios e observatórios.
A sociedade maia era altamente estratificada, com uma elite governante que exercia o poder político, enquanto a maioria da população estava envolvida em atividades agrícolas. Os maias cultivavam culturas como o milho, feijão, abóbora e cacau, e seu sistema agrícola incluía técnicas avançadas, como a construção de terraços e canais de irrigação.
A religião desempenhou um papel central na vida maia, e eles adoravam uma variedade de deuses relacionados a elementos naturais, como o sol, a lua, a chuva e as colheitas. Realizavam cerimônias complexas e rituais de sacrifícios humanos como parte de suas práticas religiosas.
No entanto, a civilização maia também experimentou declínio e colapso em algumas regiões por volta do século IX d.C. As razões exatas desse declínio ainda são objeto de estudo e debate, e várias teorias, como guerras, instabilidade política, mudanças climáticas e esgotamento dos recursos naturais, foram propostas como possíveis causas.
Os maias deixaram um legado duradouro, que inclui sua rica cultura, avanços científicos e conhecimento astronômico. Os descendentes dos maias ainda habitam a região e preservam muitas tradições e práticas culturais dessa civilização fascinante.