Uma espécie de pássaro chamada dodô, que foi extinta há muitos anos, está sendo alvo de um ambicioso projeto de reviver sua existência por meio de avanços na biotecnologia e manipulação genética.

Nossa Terra já abrigou uma ampla diversidade de criaturas. No entanto, ao longo do tempo, nem todas persistiram em percorrer o planeta. A extinção é um fenômeno natural que ocorre por diversos motivos, incluindo a influência humana. Um exemplo de animal extinto devido a isso é o dodô.
O dodô era uma ave não voadora, nativa das Ilhas Maurício, que media aproximadamente um metro de altura e pesava mais de 20 quilos. Sua extinção ocorreu por volta de 1162, cerca de 150 anos após a chegada dos europeus à ilha.
Apesar de extinto há tanto tempo, o dodô permanece vivo na memória das pessoas devido à sua presença marcante na cultura popular. É exatamente por essa relevância que uma empresa de biotecnologia está empenhada em trazer essa espécie de volta à vida.
Essa empresa, chamada Colossal Biosciences, sediada no Texas, Estados Unidos, possui uma abordagem surpreendente, pois o dodô não é o único animal alvo de seus esforços de “desextinção”. Eles também estão trabalhando na possibilidade de ressuscitar o ancestral do elefante moderno, o mamute-lanoso, além de estarem interessados em reviver o tigre-da-Tasmânia. Para atingir esses objetivos, eles estão realizando avançadas manipulações genéticas em grande escala.
A ESPECIE DODÔ
Apesar de ter sido fundada cerca de dois anos atrás, a empresa já angariou um investimento significativo de 225 milhões de dólares, uma parte considerável destinada à pesquisa do genoma dessa espécie aviária.
No caso do dodô, o sequenciamento do seu código genético está a cargo de Beth Shapiro, uma especialista em análise de DNA antigo da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz. É exatamente esse sequenciamento que possibilitará a potencial ressurreição do animal. Esse avanço só se tornou viável graças ao material genético obtido de um dodô com mais de 500 anos, preservado em um museu na Dinamarca.
Dado que o dodô pertence à mesma família dos pombos modernos, a abordagem da Colossal Biosciences para trazer essa espécie de volta envolve a realização de modificações genéticas no parente vivo mais próximo do animal extinto, o pombo de Nicobar. Através dessas alterações genéticas, espera-se alcançar uma maior proximidade genética com o dodô, possibilitando a reintrodução dessa ave em seu habitat natural.
COMO REVIVER A ESPÉCIE
Certamente, trazer de volta à vida uma espécie extinta não é uma tarefa fácil, tanto que a Colossal Biosciences ainda não conseguiu realizar tal feito. É por isso que a possibilidade de ressuscitar o dodô pode ser incerta. Além disso, é difícil prever a quantidade de modificações necessárias no DNA do pombo para transformá-lo em um dodô.
Outro obstáculo para a “desextinção” dessa ave é a forma como o DNA modificado será inserido. Embora a edição genética possa ser relativamente simples, converter uma célula editada de volta em um pássaro pode ser complicado. No caso dos mamíferos, a clonagem é uma opção mais direta.
No entanto, quando se trata de um ovo de ave, que é uma célula de tamanho considerável, o processo se torna mais complexo. “Você teria que remover o núcleo e implantar outro, o que é impossível”, explicou Mike McGrew, biólogo aviário e consultor contratado pela Colossal.
Na visão de McGrew, uma possível solução para esse problema seria injetar as células modificadas diretamente nas gônadas de um pombo em desenvolvimento, pois é lá que os óvulos e espermatozoides são formados. Se ocorresse reprodução, o DNA modificado já seria transmitido para as crias. Esse procedimento já foi realizado em galinhas, mas não há certeza de que funcionará da mesma forma em outras aves.
O PRAZO
Embora seja um objetivo da empresa, a Colossal Biosciences não estabeleceu um prazo para trazer o dodô de volta. No entanto, em relação aos mamutes, eles afirmaram que a previsão é que voltem à vida até 2029. Quanto ao dodô, o momento de seu retorno dependerá de fatores científicos e pode ocorrer antes ou depois disso.
Conforme explicado por Shapiro, a ressurreição desses animais por meio da edição genética e reprodução assistida pode ajudar na conservação das espécies ameaçadas de extinção. “Precisamos desenvolver essas ferramentas e abordagens adicionais para proteger as espécies atuais da extinção. E se queremos despertar o suficiente entusiasmo nas pessoas para realizar isso, teremos que fazer algo grandioso, e todos já ouviram falar do dodô”, concluiu.