Especialistas localizam o ponto exato onde ocorreu o naufrágio de uma embarcação em 1973, a uma profundidade de 150 metros.
Ao redor do globo, existem inúmeras descobertas em potencial, algumas das quais são notáveis, como a recente localização de um navio que afundou durante a década de 1970. Essa notável descoberta foi realizada por uma equipe de pesquisadores a bordo do navio RV Investigator, em 12 de abril, na costa oeste da Tasmânia. A notícia foi divulgada pelo órgão de pesquisa científica australiano conhecido como Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO).
Durante a expedição, os pesquisadores tinham como objetivo principal estudar um imenso deslizamento submarino na plataforma continental da região. No entanto, aproveitaram a oportunidade para investigar também um naufrágio não identificado que estava nas proximidades.
Utilizando a técnica de batimetria, que envolve o uso de sondas, os pesquisadores mapearam a localização do navio naufragado e, posteriormente, realizaram uma inspeção visual utilizando dois sistemas de câmeras subaquáticas. Após essas análises, foi revelado que o navio, com uma preservação notável, repousava a aproximadamente 150 metros de profundidade e possuía dimensões semelhantes às do M.V. Blythe Star.
Navio encontrado
Após tomar conhecimento da descoberta, a equipe de pesquisadores direcionou as câmeras subaquáticas tanto para a parte dianteira quanto para a traseira do navio, em busca de características que pudessem confirmar sua identidade. Comparando cuidadosamente as imagens obtidas com fotografias históricas, a inspeção visual pôde identificar o naufrágio graças à presença da palavra “star” na proa da embarcação.
Embora o navio estivesse bem preservado, havia uma considerável quantidade de algas que haviam se estabelecido nele. “Diversas criaturas marinhas encontraram um lar no naufrágio, incluindo cardumes de peixes, lagostins e focas, todas capturadas pelas câmeras subaquáticas”, afirmaram os pesquisadores. A batimetria e as imagens em vídeo coletadas são esperadas para fornecer informações adicionais que poderão auxiliar na investigação das circunstâncias do naufrágio.
Segundo o CSIRO, “a confirmação do local onde o M.V. Blythe Star repousa tem uma importância significativa para muitos membros da comunidade”.
MOTIVO DO NAUFRAGIO
Em 12 de outubro de 1973, o M.V. Blythe Star, um navio de carga costeiro com 44 metros de comprimento, partiu da cidade de Hobart, na Austrália, em direção à ilha de King Island, localizada no estado australiano da Tasmânia. A embarcação transportava uma carga de cerveja e fertilizantes, além dos 10 tripulantes a bordo.
Após alguns dias, o navio desapareceu misteriosamente, resultando na maior operação de busca marítima realizada até então na Austrália. Após sete dias sem obter qualquer resultado, as buscas pela tripulação e pelo navio foram encerradas.
Na realidade, na manhã de sábado, dia 13 de outubro de 1973, o navio naufragou na costa sudoeste da Tasmânia. Felizmente, os 10 tripulantes conseguiram escapar utilizando um bote salva-vidas inflável.
À deriva nas correntes oceânicas, os tripulantes chegaram a uma praia situada aos pés de penhascos íngremes na Península Forestier. No entanto, mesmo após chegarem à praia, três dos tripulantes acabaram perdendo a vida antes de conseguirem encontrar ajuda.
Em 24 de outubro de 1973, três sobreviventes do naufrágio escalaram os penhascos e percorreram uma densa floresta até encontrarem socorro. Ao se identificarem como membros da tripulação do Blythe Star, foram surpreendidos com as palavras: “Não, vocês estão todos mortos”.
Após essa trágica ocorrência, foram realizadas alterações nas leis de segurança marítima na Austrália.
A EXPLORAÇÃO
O oceano continua a surpreender constantemente os pesquisadores, revelando descobertas de naufrágios ocorridos há muito tempo. Um exemplo recente é o encontro de um navio que afundou há 106 anos, conhecido como Endurance, por uma equipe de cientistas em águas profundas.
Após duas semanas de busca no Mar de Weddell, a embarcação foi localizada com o auxílio de um drone submarino. O navio encontrado fazia parte da expedição liderada pelo explorador Ernest Shackleton em 1915. Mais de um século depois, a descoberta do Endurance foi considerada um marco histórico pela equipe a bordo do Endurence22.
O naufrágio foi encontrado a uma profundidade de 3.008 metros no Mar de Weddell, representando um desafio monumental para os cientistas. “Realizamos pesquisas científicas essenciais em uma região do mundo que tem um impacto direto no clima e no meio ambiente global”, afirmou John Shears, líder da expedição.
O navio naufragado possuía 43 metros de comprimento e três mastros. A expedição de Shackleton em 1915 tinha como objetivo alcançar o continente congelado, porém o Endurance ficou preso à medida que o gelo marinho de Weddell se tornava mais espesso.
Com o aumento da pressão do gelo, o navio acabou sendo esmagado, levando a equipe de Shackleton a abandoná-lo, reconhecendo a inevitabilidade do naufrágio. Felizmente, os tripulantes conseguiram sobreviver remando cerca de 1.300 quilômetros em um bote baleeiro até a ilha de Geórgia do Sul.