A pesquisa revela dados sobre as origens das minas de prata, sistemas de comércio de bens e métodos de produção de joias durante o período inicial da Idade do Bronze no Egito.
As pulseiras de prata que pertenceram à primeira rainha egípcia, Hetepheres I, que viveu há aproximadamente 4,6 mil anos, revelaram evidências surpreendentes das antigas relações comerciais entre o Egito e, possivelmente, a Grécia. As preciosidades encontradas na tumba da governante revelaram que os egípcios tiveram contato com o minério em uma época muito anterior ao que se acreditava anteriormente.
O FARAÓ
Hetepheres I, a esposa do faraó Sneferu e mãe do rei Khufu, responsável pela construção da Grande Pirâmide de Gizé, deixou para trás uma coleção notável de joias egípcias em prata. Essas preciosidades são consideradas a maior e mais renomada coleção de artefatos desse material no Egito. O estudo recente, conduzido por arqueólogos da Universidade Macquarie, na Austrália, focou-se em analisar amostras das pulseiras utilizando métodos avançados para entender sua composição e identificar sua possível origem. A análise revelou que as joias eram compostas por uma mistura de cobre, ouro, chumbo e também apresentavam aplicações de pedras semipreciosas. No entanto, o elemento mais notável foi a presença de vestígios de prata.
VALORES DO EGITO
O fascínio em torno desse achado reside no fato de que o Egito não possui depósitos de prata nativa. Portanto, durante o período de fabricação dessas joias, não havia fontes locais disponíveis para extração desse material. As primeiras evidências de peças feitas com prata surgiram no país durante o quarto milênio a.C., e a origem exata desse metal ainda é um mistério intrigante.
A DESCOBERTA
“Essa descoberta inovadora revela, pela primeira vez, a extensão geográfica potencial das redes comerciais utilizadas pelo antigo Estado egípcio durante o início do Império Antigo, na época de construção das pirâmides”, compartilhou Karin Sowada, professora do Departamento de História e Arqueologia da Universidade Macquarie, em um comunicado divulgado pelo portal Live Science.
A ORIGEM
De acordo com os achados da pesquisa, sugere-se que a prata possivelmente tenha sido adquirida das Ilhas Cíclades, um arquipélago localizado no Mar Egeu, ao sudeste da Grécia, ou talvez de Lavrion, uma cidade portuária situada no sudeste de Ática, também na Grécia. Outra teoria é que a prata poderia ter sido importada para o Egito, possivelmente proveniente da cidade portuária de Biblos, localizada no atual território do Líbano.
JOIAS E EGITO
Dentro da série de blogs que abordam a fascinante arte da joalheria, vamos explorar as ricas tradições joalheiras que se desenvolveram ao longo de várias regiões do norte da África e sudoeste da Ásia. Essas tradições têm raízes profundas que ultrapassam as fronteiras geográficas modernas, e é importante ressaltar que um país pode abrigar múltiplas expressões culturais nesse campo. Ao observar as joias utilizadas, é possível identificar tanto o contexto histórico quanto a herança cultural de diversos povos.
Joias ao longo do Nilo
A posição geográfica do Egito, localizado no nordeste da África às margens férteis do rio Nilo, entre desertos, desempenhou um papel significativo no desenvolvimento de um estilo distintivo.
Embora influências internacionais tenham sido trazidas por meio do comércio e contatos diplomáticos, o país manteve sua identidade única devido ao seu isolamento relativo.
É importante notar que o conhecimento atual sobre as joias do antigo Egito representa apenas uma pequena fração do que existiu. Isso ocorre porque as joias feitas com materiais preciosos eram frequentemente fundidas e reutilizadas, e as pedras eram esculpidas e reesculpidas ao longo do tempo.
As joias encontradas em sepulturas reais intocadas fornecem insights sobre os adornos usados pela elite, enquanto os fragmentos e pedaços de joias feitas de faiança (cerâmica vitrificada) contam a história da joalheria local.